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O campo expandido na cena cultural baiana

Milena Tanure

Créditos da imagem: Feed da página do evento no instagram (@FILExpandido)

Em algumas das minhas publicações aqui no blog, apresentei relatos e reflexões sobre as experimentações que têm sido perceptíveis na cena literária baiana. Além das pequenas editoras que têm agenciado formas de promover a publicação e circulação do livro literário em solo baiano e para além dele, tenho observado maneiras outras de escrita e publicação que têm forçado a crítica literária a lançar novos olhares para essas produções. Nesse sentido, relembro a publicação aqui feita sobre Karina Rabinovitz e sobre seu trabalho na qual comentava o esgarçamento dos limites entre literatura e artes plásticas. No mesmo sentido, em publicação intitulada “Outras experimentações do urbano: múltiplos espaços, diferentes suportes” apresentei alguns livros de artistas que resultaram das atividades da Incubadora de Publicações Gráficas e foram expostas coletivamente na RV Cultura e Arte, com destaque especial ao livro Territórios Movediços, de Felipe Rezende e Luma Flôres.

Todas essas produções têm me inquietado, em especial, por ir revelando o modo pelo qual, é possível ler nas iniciativas baianas uma sintonia cada vez maior como os atuais debates no campo artístico, o que pode matar de vez certa visão preconceituosa que acusa de provincianismo produções fora do eixo Rio-São Paulo. Pensando sobre isso, de modo muito errático, tomei conhecimento do 4º Festival de Ilustração e Literatura Expandida (FILEx) que aconteceu do dia 07 a 15 de março em Salvador. Tendo como slogan as palavras lute, ocupe, crie, sonhe e imagine, o Festival ocupou o Goethe Institut com uma série de publicações criadas por pequenas editoras que têm experimentado outras formas de produção e circulação dos livros impressos.

No dia 15 de março, estive no último dia do Festival, que culminou na Feira Ladeira, e lá pude observar que a proposta do FILEx, conforme consta no site do evento (https://www.ilustrafestival.com.br/), consiste em reunir em Salvador a cena de ilustradores, performers, escritores, editores e demais profissionais interessados em “pensar e experimentar relações entre imagem e palavra em livros ilustrados”. Os organizadores afirmam entender que “[…] a Literatura Ilustrada Expandida é aquela que extravasa o papel, que vai para as ruas, que imprime o muro, que entra pelos ouvidos e sai pela boca, que pode ser lida nos rostos e nas relações”. E mais: aos participantes “interessa questionar as fronteiras, expandindo os limites tênues que separam as linguagens artísticas”.

Em especial, me interessaram as publicações da plataforma editorial A margem, cuja marca é um fragmento da falha do frontispício de Salvador que é perceptível para aquele que, do ponto de vista do mar da baía, olha para a cidade e a vê entre a “cidade baixa” e a “cidade alta”.

Marca da plataforma editorial A margem

Algumas publicações lançam um olhar específico sobre o espaço urbano, bem como geram uma outra relação com o objeto livro. Nesse sentido, cito a publicação “Paisagens ensolaradas”, de Felipe Rezende.

Imagem do livro disponível no instagram da A margem (@amargempress)

O livro mais recente de Rezende propõe um outro reconhecimento do espaço urbano a partir da perambulação pelo mapa físico e simbólico que constrói. Se em Territórios Movediços o centro da cidade de Salvador era o cenário para o diálogo com Baudelaire, na nova obra “as pessoas que aparecem intensamente iluminadas ao longo dos caminhos, são trabalhadores urbanos, prestadores de serviço, ambulantes em suas ocupações ordinárias, cotidianas; são anônimos que, fora destas bordas de cidade, estarão velados, sombreados” (texto de apresentação do livro no instagram de A margem).

Como indicado na apresentação do FILEx no site, o interesse do evento era “falar do livro a partir das relações com o corpo, com a cidade e com a coletividade. […] [além de pensar o] movimento crescente da autopublicação, buscando estratégias eficientes na distribuição de produções impressas e/ou performáticas”.  Interessante foi ir percebendo, em cada espaço da exposição, o modo pelo qual o evento colocou em cena a possibilidade de os leitores irem questionando o lugar sacralizado que o suporte livro ocupa ainda hoje. Ao me deparar com obras que se construíram coletivamente ao longo do evento, bem como com publicações com formatos tão díspares e que flertam com outras áreas e plataformas, como as obras com diálogos diretos com as artes plásticas ou aquelas que apresentam Qr code, por exemplo, voltei a refletir sobre as tensões que marcam as discussões entre o literário e o não literário, e também sobre o movimento de expansão da literatura para fora não apenas do livro com suporte, mas como intervenção urbana, por exemplo, confundindo-se, muitas vezes com uma performance artística.

A densidade do urbano em Pensamentos supérfluos, de Evanilton Gonçalves

Milena Tanure

Créditos da imagem: Pintura de Luís Rosa. Disponível em: https://www.hypeness.com.br/wp-content/uploads/2017/01/LuisRosa16.jpg

Pensamentos supérfluos: coisas que desaprendi com o mundo é o primeiro livro de Evanilton Gonçalves. Publicado pela ParaLeLo 13S em 2017, o livro compreende a primeira empreitada do autor no mercado editorial. Chama a atenção o estilo desse jovem autor baiano que, sendo formado em letras, ensaia uma dicção literária inicialmente no universo dos blogs e, em seguida, publica seus escritos no formato do livro impresso. Falar de um gênero específico para esses textos não é fácil, afinal, tratam-se de contos, microcontos, aforismas ou prosa poética? Também há muitos diálogos intertextuais implícitos ou explícitos a serem desvendados pelo leitor, pois o texto é montado com referências a Fernando Pessoa, Mario Benedetti, Jorge Luís Borges, Machado de Assis, Milton Hatoum e tantos outros.

O livro se estrutura por meio de duas partes: a primeira com 50 pensamentos supérfluos e a segunda denominada Coisas que desaprendi com o mundo. Na primeira parte do livro, somos apresentados a cinquenta desses pensamentos cuja superficialidade aparece apenas como título provocativo. Cada um desses textos nos coloca diante de inquietações que passeiam das questões existenciais da condição humana às reflexões contemporâneas dos sujeitos coletivos, como nos indica o pensamento supérfluo nº 23: “Enquanto assimilarmos apenas signos vazios, seremos tão somente corpos ocos, vagando pela opulência do mundo” (p. 51). A segunda parte, por sua vez, Coisas que desaprendi com o mundo, apresenta pequenos contos ou microcontos que também colocam em cena um certo gingar entre o urbano e as formas literárias.

Meu interesse maior pelo livro reside aí: na maneira pela qual o jovem escritor forja uma certa imagem de Salvador, cidade em que vive. Os textos, sobretudo os da primeira parte, surgem quase que como pequenas anotações que poderiam parecer rabiscadas em meio ao caos dos dias, Nesse sentido, muito precisa é a afirmação do professor Antônio Marcos Pereira, que prefacia o livro, no sentido de pensar o livro como uma atualização do olhar baudelairiano que nos coloca diante de um sujeito “proletário, afrodescendente, periférico, grafiteiro, pegador de buzu, erudito das ruas, mestre da faculdade, esse haveria de ser um Outro Baudelaire. Que bom que seja assim”.

É a partir da percepção de que as narrativas nos colocam diante de um “Outro Baudelaire” que vamos percebendo uma certa representação da cidade. As narrativas de Pensamentos Supérfluos nos levam a andar pelas ruas de Salvador. O ônibus pode ser considerado como uma espécie de laboratório social, pois é de dentro dele que, com ironia e crítica, o narrador nos apresenta uma espacialidade urbana e uma perspectiva particular da dinâmica do cenário soteropolitano. Assim, espreitando as esquinas e ocupando as praças, uma rotina inquietante de uma dada Salvador com suas desordens cotidianas vai se desvelando pela leitura. Tendo vivido em bairros como São Caetano e Liberdade, Evanilton convida o leitor a passear por uma cena periférica que revela a alteridade de uma cidade de cartão postal, subsumida na zona do centro cultural e econômico da cidade: “Perturbador e talvez humilhante foi descobrir que Salvador é flor com espinhos”.

Mercado editorial baiano: algumas inquietações iniciais

Milena Tanure

sergio rabinovitz

Créditos da imagem: Sergio Rabinovitz. A cidade acrílico s/papel 70X50cm, do livro Bahia (P55, 2002).

Na última semana, recebeu destaque na imprensa nacional a notícia de que o escritor brasileiro e baiano Itamar Vieira Junior foi o vencedor do Prêmio Leya de Literatura pelo romance Torto Arado, a ser publicado pelo grupo editorial português. Esse mesmo escritor, com o livro de contos A Oração do Carrasco, é um dos finalistas do Prêmio Jabuti de 2018. A projeção de Itamar no cenário literário nacional e internacional me leva a retomar questões que me inquietam: a produção e visibilidade de uma literatura produzida por autores e editoras baianas.

Em texto de 2007 no qual apresenta um panorama sobre a literatura baiana contemporânea, a crítica literária e acadêmica Gerana Damulaski indica que “embora se saiba que a literatura brasileira nasceu na Bahia com Gregório de Matos e os outros poetas da época, e se saiba igualmente de nomes famosos como Castro Alves, Adonias Filho, Jorge Amado, a verdade é que hoje não se tem conhecimento nos outros estados do que se vem fazendo de literatura da mais alta qualidade na Bahia”. Muito embora esse texto tenha pouco mais de 10 anos, o cenário apresentado pela acadêmica não parece ser muito diferente, apesar das feiras literárias nacionais e internacionais que têm se multiplicado em solo baiano e, em alguma medida, possibilitado alguma visibilidade a uma produção mais contemporânea. De algum modo, minhas colocações aqui buscam refletir sobre o modo pelo qual a produção literária baiana tem encontrado certos entraves para se fazer publicar, circular e ser lida, tanto em cenário local como em todo o país.

Para a discussão que pretendo empreender, é interessante pensar o modo pelo qual o Rio Grande do Sul constituiu um solo fértil para a produção literária brasileira contemporânea. Em 2013, por exemplo, autores como Luís Fernando Veríssimo, Cíntia Moscovich, Daniel Galera e Altair Martins venceram, respectivamente, os prêmios Jabuti, Portugal Telecom, Prêmio São Paulo de Literatura e o Prêmio Moacyr Scliar. Pensando esse protagonismo da produção gaúcha, é preciso reconhecer que Porto Alegre possui um tradicional circuito literário, movimentado por feiras e oficinas, além de um programa de pós-graduação em Escrita Criativa (PUC-RS).

Na Bahia, o cenário me parece outro. Apesar de acompanharmos novas vias de escoamento dos textos, como os saraus que têm crescido e ganhado força, sobretudo em Salvador, bem como a produção em blogues, as falas dos escritores contemporâneos, assim como as pesquisas que têm sido feitas, têm revelado o modo pelo qual a cena literária baiana tem dado a ver um contexto marcado pelas dificuldades relacionadas não apenas à publicação e circulação do livro, mas também à profissionalização do escritor.

Esse contexto não é recente. Em texto de 1986, o escritor Guido Guerra relacionou esse cenário com a ausência de uma política editorial no Estado. Segundo ele, “nosso movimento editorial sempre fracassou porque, estruturado em bases não empresariais, não resolveu o problema da distribuição a nível nacional. As obras em geral aqui editadas nunca tiveram tiragens superiores a mil exemplares, dos quais uma parcela irrisória é comprada pelos amigos no dia do lançamento (às vezes nem precisam comprar, são presenteados) e a maior parte, timidamente colocado no mercado livreiro local, sem outra chance senão a do encalhe”.

Revelando cenário não muito diferente no século XXI, em entrevista ao jornal A Tarde em 2002, alguns escritores baianos discutiram os novos rumos da literatura e apresentaram alguns entraves experimentados pela produção local. Nesse sentido, Aramis Ribeiro fez a seguinte colocação: “Os grandes problemas da Bahia nós já conhecemos, que são a distribuição, a vendagem, o isolamento, que na verdade não é só da Bahia, é do Brasil, que é um arquipélago de culturas, de literaturas. A literatura que se torna nacional, realmente, é aquela literatura que vem do Sul e que consegue a conexão nacional. As outras permanecem isoladas”.

Assim, se os prêmios recentemente conferidos a escritores baianos talvez ajudem a contornar certo isolamento regional originário de um mercado limitado, a ausência de espaço na imprensa e o quase inexistente investimento público, provocam um outro efeito colateral: estimulam o crítico a pensar a constituição do campo literário e suas implicações para a produção, circulação e divulgação da produção literária na Bahia, no Brasil.

Uma experiência de leitura: Zanga, de Davi Nunes

Milena Tanure

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Capa do livro. Imagem cedida pela editora.

Se no texto anterior esbocei um desejo de apresentar o tema ou os interesses da minha pesquisa, agora desejo deixar mais nítidos os caminhos para os quais se direcionam minhas inquietações de pesquisadora.

Como talvez já tenha sinalizado, minhas inclinações têm se voltado para as discussões sobre espaço urbano e espaço editorial a partir do cenário de uma literatura baiana contemporânea. É nesse sentido que meu interesse tem se voltado para as ocupações espaciais, físicas e simbólicas desses campos. Me interessa pensar de que forma o corpo urbano e o corpo humano se interligam nas narrativas contemporâneas, dando a ver, talvez, novas espacialidades da cidade de Salvador e práticas outras de sociabilidade no universo da representação. Da mesma forma, passa a me interessar como esse corpo que ginga no espaço urbano também faz transitar seus discursos na busca de uma produção de sentido e na tentativa de forjar um espaço dentro do cenário de publicações baianas para romper fronteiras e alcançar maior projeção.

Para esse texto havia pensado em encarar, ainda que de modo muito incipiente, o que chamo de literatura baiana, já pensando a razão dessa adjetivação na minha pesquisa e a sua relação com o mercado editorial. No entanto, tomando alguns termos de experimentação emprestados da pesquisadora e professora Paola Berenstein Jacques, em minhas deambulações e errâncias pelos caminhos da pesquisa e pelos espaços urbanos, fui atravessada por um recente lançamento que muito provavelmente fará parte do corpus da minha pesquisa. Trata-se do livro de contos Zanga, de Davi Nunes, lançado pela editora Segundo Selo no último dia 19.

Poeta, contista e escritor de literatura infantojuvenil, Davi Nunes, apesar de fazer parte de uma cena mais contemporânea e jovem da produção literária baiana, já acumula em seu currículo, além da graduação em letras e mestrado em andamento também nessa área, a edição da revista artística-acadêmica Cinzas no Café (2011), a participação em antologias e sites de cultura negra, e o aclamado livro de literatura infantojuvenil Bucala: a pequena princesa do Quilombo do Cabula (2016). O escritor também mantém o blog Duque dos banzos que “versa sobre a cultura afro-brasileira: prosas, poesias e ensaios [que] buscam dar conta da memória, da humanidade, da ancestralidade, da polifonia verbal, rítmica e corpórea que circundam o universo do negro brasileiro”.

Aqui, pretendo apenas ensaiar uma fala sobre minha experiência de leitura, tematizando o modo como as narrativas dialogam com o que desejo inventariar com a minha pesquisa. Zanga nos fala de ancestralidades africanas, da tensão racial brasileira, das potências e agruras de se viver na cidade contemporânea e de relações interpessoais, deslizando por vários polos enunciativos. Todas essas questões se interligam em uma espacialidade urbana múltipla, ainda que a periferia seja predominante.

Nas dezenove narrativas que compõem a obra vai se delineando para o leitor um sentimento de angústia por uma cidade que seduz, mas sobre a qual paira o medo experimentado, sobretudo, pelos corpos periféricos. Como afirmado pelo próprio escritor no lançamento do livro, a presença da morte nos contos que compõem a obra se justifica porque a cidade de Salvador é marcada pela morte. Em entrevista cedida ao Portal Soteropreta, acrescenta: “Sou de Salvador e, para as pessoas negras, esta cidade é um verdadeiro campo de morte. O corpo negro é um corpo sitiado, um corpo sem status político, um corpo nu, um corpo inimigo, um corpo em constante injúria pelas instituições de poder, um corpo do genocídio, da cesura biológica, do racismo. Um corpo cuja política de estado é a morte, um corpo que está localizado onde o estado é sempre de exceção, a periferia”. Muito embora as narrativas se desenvolvam quase sempre a partir de uma tensão, calcada no necropoder, para lembrar a expressão de Achille Mbambe, nos “necrocontos”, não há repulsa pelo espaço urbano.

Uma leitura menos cuidadosa ou apressada poderia levar a supor que zanga é raiva ou que a periferia é meramente marcada pelo medo ou pela dor, mas a escrita de Davi é sofisticada e potente. Compondo uma cartografia afetiva dos bairros, em especial o Cabula e seu entorno, região periférica de Salvador, o escritor tece um diálogo com um passado ancestral que rompe com as visões tradicionais ou reducionistas da presença negra na formação do país e, sobretudo, da cidade de Salvador. Por tal motivo, em seu blog, o autor afirma que, etimologicamente, zanga não se resume ou equivale à raiva, relacionando-se muito mais com rebeldia, bravura, coragem e combatividade. Para ele, zanga é “super poder, é ancestral e por isso contemporâneo, é luz que desponta do cosmo do buraco negro e irradia o terceiro olho do faraó que está adormecido em nós. É o momento áureo da autoconsciência negra, é a negritude como força intempestiva, como ação – zangar.”

As narrativas não nos falam só da potência e das ocupações dos corpos negros numa perspectiva física, nos falam também de ocupação no campo do simbólico. Talvez não seja por outra razão que sujeitos negros e periféricos se apresentam como personagens que ocupam os espaços universitários, forjando novas epistemes e falando de autores e pensamentos não hegemônicos. Além disso, em algumas narrativas, há também os espaços da escrita, que tematizam as agruras da profissionalização do escritor como no conto O enterro: “sou alcóolatra e um negro escritor posto de parte das estruturas editoriais, um gênio obliterado”.

Entre ruas, esquinas, becos, telhas e tijolos sem reboco, as narrativas de Zanga convidam a imagens de uma outra urbe que se misturam às centralidades de Salvador. As narrativas, se não romantizam uma imagem periférica, também não nos apresentam as vidas narradas como facilmente explicáveis. A realidade periférica, com suas vivências e potências, torna perturbadora a experiência de leitura, pois os contos convidam o leitor, que “vai se aquilombando”, como disse o próprio Davi Nunes no lançamento do livro, a percorrer a cidade e o próprio processo de escrita do autor, de seus personagens e dos narradores escritores. E é bom lembrarmos que o quilombo não é lugar de fuga, é lugar de vida, potência, resistência, ocupação e zanga.