Você já ouviu falar em Bruno Tolentino? Poeta, ensaísta e tradutor brasileiro, Bruno Tolentino marcou o debate literário no último quartel do século XX e nos fez lembrar que os domínios da literatura são compostos por conflitos não só literários, mas, principalmente, ideológicos e eletivos.
Nascido no Rio de Janeiro em 12 de novembro de 1940 e dono de uma “personalidade solar” – como dissera o crítico Claudio Leal (1) –, esse carioca arrebatou o prêmio Revelação do Autor (em 1960), Casimiro de Abreu (em 1974), Cruz e Souza (em 1995), Abgar Renault (em 1996), Senador Ermírio de Moraes (em 2003) e não um nem dois, mas três prêmios Jabuti (em 1995, 2003 e 2007).
Lançou livros não só no Brasil, mas na França e na Inglaterra. Viveu 30 anos na Europa onde foi editor da Oxford Poetry Now, amigo de grandes nomes da literatura mundial e prisioneiro por 22 meses em Dartmoor. Voltando a terras brasileiras na década de 90 do século passado, foi editor da Revista República e principal crítico dos poetas concretistas (e afins), contra quem disparou toda sua verve polemista pelos quatros cantos da Literatura Brasileira.
Sobretudo, tanto aqui quanto lá, foi poeta, e poeta de um lirismo franco e intelectualizado. Com seus metros alexandrinos, seus sonetos e a terza rima a la Dante, trouxe de volta, nas palavras de Arnaldo Jabor (2), a “peste clássica”. Defensor do “mundo como tal”, declarava combater o “mundo como ideia” e encontrava nesse embate a justificativa para o seu fazer poético.
Alvos de minhas pesquisas, Tolentino e sua posição combatente no campo de produção cultural são objetos de investigação de minha tese de doutorado. Nela, parto do pressuposto que as declarações de Bruno, suas entrevistas e, até mesmo, os seus livros, mais explicitamente o livro Os sapos de ontem, são “tomadas de posição” que partem de seu “capital simbólico”, “capital social” e “capital cultural” para confrontar o já estabelecido no campo literário brasileiro.
Conheci-o pessoalmente em 2001, faleceu em 2007. Dono de uma memória privilegiada, de um vasto conhecimento literário e de um humor ácido e envolvente, Bruno Tolentino é aquele tipo de poeta de belos poemas e muita história para contar.
Mas, por enquanto, continua sendo aquele ilustre desconhecido.
Para conhecer não só suas poesias, mas também a produção crítica, as traduções de Bruno Tolentino e muito do que a crítica especializada escreveu sobre ele, vale ir ao sítio: Tolentino.
(1) LEAL, Claudio. Bruno Tolentino, o poeta silenciado. Disponível em http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1812105-EI6595,00.html Acesso em 10 maio 2014.
(2) O texto de Arnaldo Jabor, Tolentino traz de volta a peste clássica que foi publicado no jornal Folha de São Paulo em 19 de julho de 1994, está reproduzido na íntegra na contracapa do livro Os sapos de ontem (TOLENTINO, Bruno. Os sapos de ontem. Rio de Janeiro: Editora Diadorim, 1995)