Allana Santana

Créditos da imagem: Adrian Wiszniewsky – La Befana (2013)
Em Frantumaglia, os editores de Ferrante afirmam acreditar que o livro venha para esclarecer, “de modo definitivo”, os motivos pelos quais a autora se mantém afastada da lógica da mídia. A obra não deixa dúvida de que a escolha pelo anonimato é feita antes mesmo da publicação de seu primeiro livro, Um Amor Incômodo. Para Ferrante, os livros não precisam mais de seus autores após terem sido escritos. Para dizerem algo, basta apenas que encontrem leitores dedicados, que decidam agarrar e puxar os fios que formam o estofo da obra. Livros cujo autor pouco importa, mas que possuem uma “intensa vida própria” são os tipos favoritos de Ferrante, que decide apostar nessa convicção.
A leitura me levou a refletir sobre as aproximações do posicionamento da autora italiana com Barthes, pois em “A morte do autor” ele afirma que o texto é um ato performativo, produzido por um scriptor (muito diferente da tradição do autor todo poderoso do século XIX ou do Autor-Deus, que é como Barthes refere-se a essa concepção) que surge junto com o texto, que começa na linguagem para encontrar o leitor.
O que me interessa é pensar de que maneira esse cenário contribui para minhas reflexões sobre a movimentação autoral em Ferrante. De maneira que minhas investigações me levam a pensar não apenas no movimento em torno da autoria, mas também da assinatura. E aqui é Derrida que aparece para mim com sua noção de assinatura. Para Derrida, a assinatura é uma marca do autor que substitui sua presença, e por isso indica também ausência.
A evocação a Derrida parece pertinente porque lendo Fantrumaglia percebemos um movimento de ausência e presença de Ferrante junto a seu texto. A escritora italiana defende seu anonimato, a primazia da obra, mas os textos, afirmando essa defesa, também funcionam como uma forma de consolidar a marca, a assinatura “Elena Ferrante”, que orienta a crítica e o modo de leitura de seus textos.